AURORA (Alexandra Sanches)
80 anos
Isolada, vive numa casa no meio do mato, distante da cidade, distante do que é civilizado. Distante das regras e do que nos enquadra em comportamentos sociais pactuados. Aurora é uma senhora vivida que busca se libertar do próprio corpo. Numa primeira leitura, seu comportamento parece insano, mas numa observação atenta há em si uma lucidez transcendente. Transcendente à matéria. Sua única amarra ao mundo se dá por dois laços: Maria, sua empregada com quem convive, e José, seu filho querido que há muito tempo não vê.
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MARIA (Maria do Carmo)
75 anos
Cozinha e limpa a casa de Aurora e é quem mais se aproxima dela, em corpo e mente. Não se sabe mais de onde se origina o mistério da casa em que co-habitam, se de Aurora ou se de Maria. A distinção só se dá mesmo por classe: Maria é a empregada. Mas seu espírito está além dessa determinação, e em sua dignidade se mostra insubordinada a qualquer um que queira mandar. É quem realmente cuida de Aurora.
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JOSÉ (Genézio de Barros)
55 anos, filho de Aurora
Rezador, religioso, católico. De uma fé que não se sabe se fervorosa ou se covarde. Reza como ação em lugar do não-agido: uma vez que não age, camufla em reza todo o gesto. Torna-se místico de tanto rezar, mas há no fundo uma apatia, uma indolência que só ele conhece (e sabe que, mais do que o céu, lhe cabe a terra). Afastado de sua mãe há muito tempo, nunca mais a viu desde a adolescência, quando fugiu de casa. Agora ela está doente e chama por ele. Iracema o achou e consegue, por fim, colocá-lo frente à mãe outra vez.
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